Cemitérios públicos de Campo Grande recebem cerca de 42 mil visitantes no Dia de Finados
Nem a chuva espantou as cerca de 42 mil pessoas que visitaram os três cemitérios públicos de Campo Grande neste Dia de Finados, sábado (2), para homenagear familiares e amigos já falecidos. A data foi marcada por celebrações religiosas e reflexões desde às 7h da manhã, quando foram abertos os portões.
Logo nas primeiras horas de visitação, no cemitério São Sebastião (Cruzeiro), acompanhada de familiares, Íris Aparecida dos Santos (61) acendia velas e fazia preces cheias de emoção e carinho junto ao túmulo dos pais, José Gregório e Júlia Quirino. Para ela, a ocasião é para relembrar os momentos vividos ao lado dos entes queridos.
“Eles foram fundamentais em nossas vidas. Aqui, passa um filme em nossas cabeças; contamos histórias, relembramos momentos, rimos, choramos e, fazer isso em família ajuda a acalmar a saudade que sentiremos por toda a vida”, pontuou.
Acompanhada do pai e do filho, a vigilante patrimonial Marlene Ávalo (39) visitou, no cemitério Santo Amaro, o túmulo da mãe, que partiu há seis anos.
“Desde então, todos os anos, até sem datas específicas, eu venho aqui. Para mim, hoje é como se fosse o dia em que perdi minha mãe. Por mais que ela faça falta todos os dias, nessa data dói um pouquinho mais. Eu revivo aquele momento; é algo bem triste. Dizem que hoje os céus se abrem e os espíritos podem nos ver aqui, junto aos túmulos, então eu venho para homenageá-la”, disse ela.
Há também quem encare a morte de outro modo. Viúva há sete anos, a funcionária pública Ivone Franco de Souza (60) visitou o cemitério Santo Antônio e aproveitou a data para rezar pelas almas dos amigos e parentes já falecidos.
“Para mim, é uma grande satisfação celebrar o dia dos que já partiram. Eu acredito na vida eterna e ela começa com a morte. Então, a morte é um motivo de alegria; não vejo como algo ruim. Por muito tempo, questionei a Deus o porquê de Ele ter levado meu marido, se estávamos tão bem, tão felizes, mas hoje aprendi a entender que em tudo há um propósito, inclusive nos momentos de sofrimento. A vida terrena acaba para que a eterna comece. Claro que há dias em que sinto falta do meu pai, da minha mãe, mas agora entendo que eles cumpriram suas missões aqui”, concluiu.
A oportunidade também é aproveitada por Eliane Aparecida Pereira (53), que trabalha como secretária do lar, mas no dia 2 de novembro assume a faceta de comerciante e mantém viva uma tradição familiar. Já se passaram três décadas desde que começou a trabalhar em frente ao cemitério Santo Amaro. Na banca, são comercializados produtos como velas e pequenos arranjos de flores, com preços que variam entre dois e cinquenta reais. Ela explica que o negócio atravessa gerações e que as preparações para a data começam cerca de dois a três meses antes.
“Nós trabalhamos em família; somos em seis e vimos nossos avós, nossa mãe, e agora meus filhos estão aqui comigo e vão preparar meus netos também para me substituir daqui a algum tempo, estando aqui sem falhar um ano, no dia das mães, dia dos pais e Finados.”