Incêndios em vegetação de áreas urbanas prejudicam meio ambiente e a saúde da população
Os incêndios florestais causam grandes impactos ambientais e para a saúde da população em todo o Mato Grosso do Sul. No Pantanal, o trabalho do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) continua em diferentes regiões, e desde o início da semana outros biomas também passaram a registrar focos.
Enquanto isso, nas áreas urbanas são registradas ocorrências diárias de incêndios em vegetação. Os casos são geralmente provocados por ação humana, e geram inúmeros problemas para as pessoas que vivem nas áreas próximas de onde o fogo age, além da soma de outros fatores climáticos, entre eles a fumaça presente em todo o Estado, justamente devido ao tempo seco – sem chuva, baixa umidade do ar, altas temperaturas e velocidade do vento.
No Jardim Samambaia, região leste de Campo Grande, os moradores da Rua das Embaúvas, relatam o susto com as chamas próximas as casas. O caso ocorreu na madrugada de hoje (23), após uma semana inteira de fogos na área de mata que contorna o bairro, entre o anel viário das rodovias BR-262 e BR-163.
“Alguém colocou fogo num sofá que jogaram na rua, o pessoal tem hábito de jogar lixo e depois fazem isso. Isso aconteceu no domingo (18) e depois o fogo foi se espalhando. Aqui perto das casas já está pegando fogo tem dois dias, apaga e volta. É complicado, porque as pessoas não têm responsabilidade, fazendo uma coisa assim prejudica todo mundo”, disse o morador Edson Ortiz, 64 anos.
A fumaça provocada pelo incêndio na mata, assustou os moradores, e também os animais que fugiram do local. Esta manhã, macacos, quatis, cotias e várias aves, tentavam se refugiar próximo das casas. “Os bichos estão tentando achar um lugar seguro, dá pra perceber. Eu fiquei com muito medo porque o fogo chegou bem perto da minha casa. E os animais vão pra onde? Acabam ficando por perto, não tem o que fazer”, disse outra moradora da área, Leidiane Gimenes.
Desde o início do ano, o Corpo de Bombeiros já atendeu mais de 3,3 mil ocorrências de incêndio em vegetação no Estado, com maior incidência de casos no mês de julho (816) e agosto (740 – dado atualizado até ontem, 22). Em Campo Grande, já são mais de 800 registros este ano. Com o tempo mais quente e seco, a quantidade de ocorrências tem aumentado a cada dia, diferente do que ocorreu entre 2021 e 2023, com redução gradativa dos casos.
Em outra região da cidade, no Parque dos Laranjais – na saída para Rochedo –, a empresária Dayane Lima, 37 anos, também denuncia a ação criminosa de um vizinho. Em pouco mais de um mês, foram três tentativas de iniciar um incêndio no terreno baldio tomado por vegetação.
“Na primeira vez, no mês de julho, eu não estava em casa e os outros vizinhos conseguiram se mobilizar e não deixaram virar um incêndio grande. No início de agosto, pegou fogo no mato perto da calçada e eu mesma apaguei. E no mesmo dia, pela câmera de segurança da minha casa, consegui ver o vizinho colocando fogo de novo. É triste isso, porque a gente está vendo que a situação do clima é crítica, e mesmo assim as pessoas querem limpar os terrenos colocando fogo”, disse Dayane.
Além da questão da saúde, ela se preocupa com a segurança, pois o incêndio pode chegar até as casas. “Eu tenho renite, então sofro muito com o tempo seco. Mas esse terreno fica entre as casas, tem uma vizinha idosa que mora próximo. E se esse fogo fica descontrolado e destrói as casas? Seria uma tragédia maior”, afirmou a moradora.
O uso do fogo para queimadas urbanas é crime – a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 –, por isso caso o responsável por atear fogo seja identificado ele está sujeito a sanções penais e administrativas. O Código de Polícia Administrativa do Município (Lei nº 2.909, Art. 18-A, §1º), afirma que “é vedada a utilização de queimadas para fins de limpeza de terrenos”. As multas variam entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00, dependendo da área afetada.
Além de crime, as ocorrências mobilizam o CBMMS, que tem atuado sem interrupção em casos do tipo. Inclusive, muitas das chamadas ocorrem de madrugada, quando os responsáveis por atear fogo agem.
“Está tudo muito seco, uma fagulha pode ser levada pelo vento e com a soma de outros fatores, o fogo se espalha rapidamente. É importante as pessoas terem consciência, pois os incêndios em terrenos e áreas de vegetação, podem prejudicar a saúde, trazer animais peçonhentos para dentro das residências, e causar sérios danos, pois o fogo pode sim atingir moradias”, explicou o capitão Eduardo Tracz, do CBMMS.
As queimadas urbanas podem ser denunciadas:
SEM FLAGRANTE
– Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur)
Telefone: 156 ou 153 (segunda a sexta-feira, das 7h30 às 21h, e aos sábados, das 8h às 12h). Também pode ser utilizado o canal digital fala.campogrande.ms.gov.br ou o aplicativo Fala Campo Grande.
– Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e Proteção ao Turista (DECAT): Rua Sete de Setembro, 2421, Jardim dos Estados
Telefone: 3325-2567 (plantão 24 horas).
COM FLAGRANTE
– Guarda Civil Metropolitana
Telefone: 153 (plantão 24 horas).
FOGO EM TERRENOS SEM AUTORIZAÇÃO AMBIENTAL
– Batalhão de Polícia Militar Ambiental
Telefone: (67) 3357-1501 ou 190.
OCORRÊNCIA DE INCÊNDIO
– Corpo de Bombeiros Militar
Telefone: 193.
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